segunda-feira, 16 de novembro de 2015

TUDO VIROU URGENTE! E AGORA?


A jornalista, escritora e film maker ELIANE BRUM, em recente entrevista à Folha de São Paulo, fez uma colocação bastante interessante sobre o que estamos vendo acontecer ao nosso redor:

"As pessoas perderam o sentido da urgência. Tudo virou urgente. E quando tudo vira urgente, nada é urgente".

Eliane aponta que as pessoas estão perdendo a sensibilidade para o que é prioritário na vida de cada um.

As razões são conhecidas. Excesso de informação, excesso de consumismo, excesso de comunicação (especialmente decorrente da tecnologia). Todos esperam, mesmo que não precisem, respostas rápidas pra suas demandas. E todos querem dar resposta rápida aos estímulos e demandas que recebem. É o mundo em tempo real. A pressa absoluta.

Saber o que é, de fato, importante em meio a tantas urgências, reais ou não,  está se tornando o grande desafio das nossas vidas. As escolhas que fazemos são cada vez são mais frequentes. A pergunta "É isto ou aquilo? " aparece a cada poucos minutos, tendendo à casa dos segundos.

- Continuo esta leitura ou dou uma olhada no Whatsup que acabou de entrar?
- Abro meus emails agora ou chego na reunião uns minutinhos antes para ir aquecendo o assunto com o grupo?
- Continuo dirigindo ou atendo esta chamada?

Enfim, a lista é interminável e vai crescendo com o nosso engajamento em mais atividades, mais frentes de ação, em mais áreas de interesse.

Como  desenvolvemos nossas novas habilidades nessa emergente Arte de fazer escolhas.      

Eliane Brum, por exemplo,  tomou uma decisão radical, após deixar suas atividades de jornalista em grandes veículos, onde tinha expediente diariamente. NÃO USA MAIS CELULAR. Isto mesmo. Até possui um aparelho mas este permanece desligado. A mensagem da secretária eletrônica diz  “não uso o celular, por favor me mande um e-mail”

Ela justifica: "Eu tenho a consciência de que não sou imprescindível.  Eu não tenho a arrogância de pensar que todo mundo precisa me encontrar de imediato. Para mim, a melhor maneira de me comunicar é o e-mail. Para muita gente é coisa antiga, mas eu gosto porque escolho a hora de ler e sei que não estou invadindo o espaço do outro, porque ele também pode escolher quando quer abrir e quando quer me responder. Às vezes, a gente precisa pensar para responder. Ser acessível a qualquer momento é, para mim, insuportável".

É um ponto de vista radical, mas que parece fazer muito sentido para Eliane. Ela continua produzindo muito, nos seus múltiplos papéis e tudo com muita qualidade.

Na TV, dia desses vi uma  reportagem sobre programas de "desintoxicação" de tecnologia, notadamente o smartphone. Exercícios físicos, meditação e muita conversa entre os participantes eram os ingredientes para combater o quase vício daquelas pessoas.  Vício, a meu ver,  muito determinado pela URGÊNCIA que a tecnologia acaba,sem querer, trazendo junto com ela.

Será que não está na hora de você também repensar esta questão?  


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